Nos conhecemos no dia 16/01/21. Eu estava de quarentena há quase um ano.
Por isso eu conheci meu noivo na varanda da minha casa através da internet. Eu havia instalado um aplicativo chamado OKCupid por indicação de amigas. Vou cobrar cachê do aplicativo pela propaganda, porque depois de 26 (idade que eu tinha na época) – 15 (idade que eu entrei na pista) = 11 anos procurando o amor da minha vida esse aplicativo fez o milagre!
Eu gostei da dinâmica do aplicativo porque ele fazia uma série de perguntas profundas sobre visão de mundo, religião, política, planos para o futuro, hobbies, prioridades, questões financeiras, questões de relacionamento, etc. e traçava um perfil dos usuários indicando aqueles que mais tinham em comum com o seu perfil.
Nesta manhã específica, um pouco antes de 12h em ponto, eu estava respondendo algumas das perguntas e deslizando perfis, quando o perfil dele me chamou a atenção. Ele tinha duas fotos lindas e um texto nada convencional que fugia totalmente do clichê, que cá pra nós, eu já tinha me cansado. Aí eu pensei: “Pra esse vale a pena até eu dar um ‘oi’.”. E não é que valia a pena, mesmo? Eu escrevi pra ele e ele me respondeu (Que bom, né?). O assunto foi muito interessante e o melhor, rendia. Desde então não nos largamos. Conversamos pela internet durante cinco longos meses sem nos encontrarmos pessoalmente por longas mensagens de áudio e vídeo-chamadas. Estávamos esperando que as pessoas de maior risco na família pelo menos dessem início ao esquema vacinal.
Fomos nos conhecer somente em junho de 2021. Fiz um encontro à luz de tochas (dessas de luau) aqui no quintal da minha casa e eu sabia que tinha encontrado alguém muito especial que ia mudar tudo e ser o companheiro perfeito para a minha vida. Não sei porque, mas essas coisas a gente simplesmente sabe. Ele me trouxe flores, estouramos uma champagne, comemos uns aperitivos que eu havia preparado. Foi muito perfeito. Desde então estamos nessa juntos agora planejando nosso casamento.
Eu já tinha me acostumado a deixar de lado a perspectiva de conhecer alguém. Já tinha um tempo que apesar de no fundo querer um impossível acontecendo, eu tinha perfil nessas coisas era mais pra dar um susto mesmo. Mas aí a solitude escapava por entre os dedos e entre um shitpost e outro, eu respondia as coisas sinceramente. Afinal, perder eu já tinha perdido.
Entra dia, sai dia, em plena pandemia, me aparece essa moça com um sorriso meigo. Curti no horário de almoço, voltei para o batente.
Um tempo depois, ela vira um raro caso de não só eu curtir, mas ela curtir de volta.
Inesperadamente, acostumado a não ter conversa do nada, eu me deparei com ela não só chamando conversa, mas tendo interesse genuíno seja comigo falando lasanhas de bobagens, seja falando sem personagem.
E com o tempo, as conversas e as trocas, eu não tinha mais como negar que me sentia envolvido, e que eu queria que valesse o risco de me abrir novamente. Foi um período meio difícil, em que eu fiquei em conflito comigo mesmo. Entre terminar de me entregar ao que eu sentia e me segurar pelo medo da rejeição, cedi. Em meio às dificuldades da pandemia e da minha então recente mudança de emergência, a perspectiva de chegar o momento certo pra nos encontrarmos era um norte.
Quando pudemos nos ver, o imenso nervosismo até chegar lá - pegando rua errada aqui e ali - se desfez completamente ao poder enfim dar um abraço. É aquela coisa, quando você sabe, sabe. A coitada fez uma recepção maravilhosa, e foi um dia que eu jamais vou esquecer.
O que ela viu eu não sei, mas que bom que ela viu.